Mercado
Mais de 1 milhão de pessoas perderam o plano de saúde em 2016
Série histórica dos beneficiários de planos médico-hospitalares
Fonte: ANS
A crise política e econômica que se viu no país em 2016 trouxe efeitos alarmantes para o mercado de saúde suplementar. A profunda recessão no Brasil produziu um número recorde de pessoas que perderam trabalho e, consequentemente, o plano de saúde.
O desemprego, que já vinha crescendo desde o início de 2015, chegou a 11,9% em dezembro de 2016, a maior taxa dos últimos cinco anos. São 12,1 milhões de pessoas desocupadas no país. O reflexo é imediato e direto nas operadoras de saúde.
Pelo segundo ano consecutivo, desde os anos 2000, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) passou a regulamentar o setor, houve queda da base geral de beneficiários de planos médicos, com uma variação negativa de 2,8%, representando cerca de 1,4 milhão de vínculos a menos.
O ano de 2016 fechou com 47,9 milhões de beneficiários médico-hospitalares e uma taxa de cobertura nacional de planos de saúde de assistência médica de 23,2% da população.
Planos coletivos empresariais
Fonte: ANS
Em dezembro de 2016, 38,2 milhões (79,9%) de beneficiários de planos médico-hospitalares possuíam um plano coletivo enquanto 9,4 milhões (19,6%) possuíam plano individual ou familiar. Dos planos coletivos, 83% eram do tipo empresarial e 16,9% por adesão.
Os planos coletivos empresariais, aqueles oferecidos pelas empresas a seus funcionários, com o aumento do desemprego, foram o principal segmento a pressionar a queda de vínculos. Passaram de 33,1 milhões em dezembro de 2015 para 31,8 milhões de beneficiários em dezembro de 2016.
A boa notícia vem do número de beneficiários de planos de saúde exclusivamente odontológicos, que cresceu 3,8% em um ano. Em dezembro de 2016 eram 22 milhões, ou seja, 815,3 mil vínculos a mais. A taxa de cobertura nacional de planos de saúde exclusivamente odontológicos no fim de 2016 era de 10,7%.
O dólar, que tem impacto nos custos assistenciais, não foi um dos grandes vilões dessa vez. Acumulou desvalorização de 17,69% em 2016, primeira queda anual desde 2010, quando tinha perdido 4,42%. Também foi a baixa anual mais acentuada desde 2009, quando havia caído 25,29%. O dólar começou 2016 a R$ 3,948 e terminou em R$ 3,25, o que representa uma queda de R$ 0,70 ou 17,69%.
Veja as variações anuais do dólar desde 2009:
2009: – 25,29%
2010: – 4,42%
2011: + 12,15%
2012, + 9,61%
2013: + 15,11%
2014: + 12,78%
2015: + 48,49%
2016: – 17,69%
VCMH e IPCA
Fonte: IESS
Por fim, outro fator que tem reflexos diretos para as operadoras de planos de saúde é a inflação médica, que por mais um ano foi superior à inflação geral. O IPCA de 2016 foi de 6,29%, enquanto o índice para planos de saúde foi de 13,55%. Outra análise sob esta ótica, feita anualmente pelo Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), é a variação dos custos médico-hospitalares (VCMH), que foi de 19% para o período de 12 meses encerrado em março de 2016, última medição até então. Essa foi a maior variação já registrada no primeiro trimestre de um ano. A expectativa é que o índice para os demais meses do ano permaneça em torno de 19%. A título de comparação, a inflação geral do país, medida pelo IPCA, ficou em 9,4% no mesmo período.
A VCMH tem sido impulsionada principalmente pela aceleração no índice dos procedimentos de Internação e de Terapias. Estudos do IESS mostram que a Internação é o principal item dos gastos médicos em planos de saúde, principalmente devido aos componentes Materiais e Medicamentos.