Estratégia e análise
G4-1
Declaração do principal tomador de decisão da organização sobre a relevância da sustentabilidade para a organização e sua estratégia de sustentabilidade
“2016 foi um ano atípico, desafiador e de superação para a Unimed-Rio. Arrisco dizer que nos 45 anos de trajetória talvez nunca a cooperativa tenha passado por um período tão conturbado como foi o ano passado.
Pela primeira vez na história, houve uma movimentação dos médicos cooperados para destituir uma diretoria, fruto de recorrentes manifestações dos sócios em prol de uma gestão mais transparente e inclusiva. Durante 18 anos, a Unimed-Rio foi comandada por um mesmo grupo, o que gerou uma passagem gradativa de uma condução audaciosa do negócio para um modelo conservador, acomodado e protecionista em relação a práticas que vinham há algum tempo sendo questionadas.
Foi este tipo de comportamento que levou a Unimed-Rio para uma grave situação econômico-financeira, despertando uma mobilização de cooperados também nunca antes registrada na história da cooperativa.
A diretoria da qual faço parte assumiu a empresa em agosto, após ser eleita por ampla maioria dos sócios em assembleia. Nossos compromissos podem ser resumidos a um só: recolocar a Unimed-Rio no caminho do desenvolvimento sustentável. Isso passa por resgatar a credibilidade perante ao mercado, oferecer uma medicina de alta qualidade e, acima de tudo, com respeito e acolhimento aos nossos clientes e trazer o sócio para participar ativamente da gestão do negócio.
Quando chegamos, encontramos uma empresa em situação bastante delicada. Nossa primeira atitude foi realizar um estudo de viabilidade da cooperativa e o resultado surpreendeu demonstrando um potencial bastante favorável, caso diversas medidas severas fossem tomadas.
Iniciamos o que chamamos de “dever de casa”, conhecendo os custos da empresa e enxugando tudo o que era possível. Negociamos com prestadores, aproximamos os cooperados da cooperativa, otimizamos nossos recursos internos e pouco a pouco conseguimos alcançar um certo equilíbrio na nossa operação.
Um elemento fundamental para isso foi a celebração do Termo de Compromisso com a ANS, Ministérios Públicos Federal e Estadual, Sistema Unimed e entidades que representam nossos parceiros assistenciais. A partir deste acordo, terminamos 2016 conseguindo reverter o primeiro semestre de muito prejuízo e encerrar o exercício com um resultado levemente positivo. Ainda pouco expressivo numericamente em relação ao que percebemos de potencial, mas é uma indicação clara da retomada da Unimed-Rio em termos políticos, assistenciais e econômico-financeiro.
Estamos reconstruindo a Unimed-Rio, criando uma nova cultura interna. Está claro que o modelo que nos colocou na situação atual não resolverá nossos problemas.
A você, que está dedicando parte do seu tempo para ler este Relatório, fica o meu compromisso, em nome da diretoria e de todo o grupo de colaboradores, de conduzir essa marca tão querida pelos cariocas e tão importante para o mercado de saúde suplementar na cidade a um novo patamar de presença e desempenho na prestação de serviços de saúde.”
Romeu Scofano
Presidente da Unimed-Rio
G4-2
Descrição dos principais impactos, riscos e oportunidades
A crise política e econômica que se viu no país em 2016 trouxe efeitos alarmantes para o mercado de saúde suplementar. A profunda recessão no Brasil produziu um número recorde de pessoas que perderam trabalho e, consequentemente, o plano de saúde.
O desemprego, que já vinha crescendo desde o início de 2015, chegou a 11,9% em dezembro de 2016, a maior taxa dos últimos cinco anos. São 12,1 milhões de pessoas desocupadas no país. O reflexo é imediato e direto nas operadoras de saúde.
Pelo segundo ano consecutivo, desde os anos 2000, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) passou a regulamentar o setor, houve queda da base geral de beneficiários de planos médicos, com uma variação negativa de 2,8%, representando cerca de 1,4 milhão de vínculos a menos.
O ano de 2016 fechou com 47,9 milhões de beneficiários médico-hospitalares e uma taxa de cobertura nacional de planos de saúde de assistência médica de 23,2% da população.
Série histórica dos beneficiários de planos médico-hospitalares
Fonte: ANS
Em dezembro de 2016, 38,2 milhões (79,9%) de beneficiários de planos médico-hospitalares possuíam um plano coletivo enquanto 9,4 milhões (19,6%) possuíam plano individual ou familiar. Dos planos coletivos, 83% eram do tipo empresarial e 16,9% por adesão. Os planos coletivos empresariais, aqueles oferecidos pelas empresas a seus funcionários, com o aumento do desemprego, foram o principal segmento a pressionar a queda de vínculos. Passaram de 33,1 milhões em dezembro de 2015 para 31,8 milhões de beneficiários em dezembro de 2016.
Planos coletivos empresariais
Fonte: IESS
A boa notícia vem do número de beneficiários de planos de saúde exclusivamente odontológicos, que cresceu 3,8% em um ano. Em dezembro de 2016 eram 22 milhões, 815,3 mil vínculos a mais. A taxa de cobertura nacional de planos de saúde exclusivamente odontológicos no fim de 2016 era de 10,7%.
O dólar, que tem impacto nos custos assistenciais, não foi um dos grandes vilões dessa vez. Acumulou desvalorização de 17,69% em 2016, primeira queda anual desde 2010, quando tinha perdido 4,42%. Também foi a baixa anual mais acentuada desde 2009, quando havia caído 25,29%. O dólar começou 2016 a R$ 3,948 e terminou em R$ 3,25, o que representa uma queda de R$ 0,70 ou 17,69%.
Por fim, outro fator que tem reflexos diretos para as operadoras de planos de saúde é a inflação médica, que por mais um ano foi superior à inflação geral. O IPCA de 2016 foi de 6,29%, enquanto o índice para planos de saúde foi de 13,55%. Outra análise sob esta ótica, feita anualmente pelo Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), é a variação dos custos médico-hospitalares (VCMH), que foi de 19% para o período de 12 meses encerrado em março de 2016, última medição até então. Essa foi a maior variação já registrada no primeiro trimestre de um ano. A título de comparação, a inflação geral do país, medida pelo IPCA, ficou em 9,4% no mesmo período.
A VCMH tem sido impulsionada principalmente pela aceleração no índice dos procedimentos de Internação e de Terapias. Estudos do IESS mostram que a Internação é o principal item dos gastos médicos em planos de saúde, principalmente devido aos componentes Materiais e Medicamentos.
Fontes:
. IESS: 8° edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB)
. IESS: Saúde Suplementar em Números
. IESS: Relatório VCMH/IESS
. IBGE
. ANS